sexta-feira, 30 de março de 2012

11# - Hipócritas contra o diploma!


A obrigatoriedade do diploma de jornalismo foi derrubada com a alegação que ela atentava contra a 
liberdade de expressão.

É hipocrisia?
Mesmo enquanto o diploma era obrigatório, o acesso de qualquer um à mídia para exercer seu direito à liberdade de expressão nunca foi negado pela ausência do Curso Superior de Jornalismo. 
O diploma não impedia isso.

Profissionais podiam expressar à vontade suas opiniões em suas áreas de atuação. Ou seja, advogado podia falar sobre direito, engenheiro, sobre engenharia, e assim por diante.
Qualquer pessoa podia expressar sua opinião em reportagens ao serem entrevistadas, nas seções do leitor, ao sugerir pautas etc.

O diploma vetava que o cidadão não formado exercesse jornalismo como profissão, como ganha-pão, para garantir a este exercício profissional os direitos trabalhistas e legais sem a ameaça de verem seus empregos tomados por aqueles que somente queriam "opinar" e aceitavam qualquer remuneração para isso.

Além disso, a faculdade, por pior que seja, dá ao estudante uma visão de humanismo fundamental para o jornalista exercer a profissão com respeito à democracia e...
...à liberdade de expressão!

É hipocrisia porque o acesso do cidadão à mídia para exercer sua liberdade de expressão era e é limitado a questões relacionadas a linhas editoriais e de interesses comerciais. 
Isso não mudou nada sem a obrigatoriedade do diploma.

Grandes monstros sagrados do jornalismo nunca tiveram diploma. 


Quando vejo velhos e famosos jornalistas enchendo o peito e dizendo que nunca precisaram de diploma, tenho até arrepios.
Por melhores que sejam, teriam sido ainda melhores - e muito antes - se tivessem feito um bom curso de jornalismo. 

(Mudando a  pessoa) Educação não teria feito mal aos Senhores.
Os Senhores são apenas exemplos de que é possível exercer jornalismo sem diploma. Mas, caros cultos autodidatas, não teria sido melhor ter feito o curso?
Aprenderam na prática, ou estudando por contra própria. 
Se tivessem cursado - ou se cursarem - uma Faculade, teria sido um caminho mais técnico e científico, óbvio. 
Mas não há como negar os benefícios de se começar a exercer uma profissão após o diploma.

Pergunto a esses figurões se eles sabem o que se aprende no curso de jornalismo e a resposta é difusa. 


O risco do jornalista sem diploma é mais subjetivo que o de um médico ou de um engenheiro. 
Não se matarão pessoas com cirurgias operadas por charlatões nem cairão prédios e pontes.
Mas a consequência pode ser tão nefasta quanto. Ou pior.
Vão estudar história, antropologia, sociologia, filosofia e psicologia para me entender. Na Faculdade de Jornalismo tem essas disciplinas.
A história está recheada de atentados à liberdade de expressão, apologia ao racismo e intolerância propagada por veículos de comunicação de massa, 
que levaram a guerras, genocídios e ações hediondas. 
A comunicação mal utilizada pode ter consequências terríveis.
E sim, o diploma, a Faculdade, oferece uma formação que inibe isso.
O diploma é, portanto, de interesse da sociedade, de interesse público, de interesse da democracia! 

Lá na Faculdade, aprendem-se, também, técnicas de jornalismo.

A quem interessa o fim do diploma?

A empresas de jornalismo que podem contratar quem quiserem, pagando o que quiserem, para uma classe desregulamentada e desorganizada.
A ditadura, que tem em profissionais sem formação mais facilidade de controle.
E aos puxa-sacos, políticos e autoridades que barganham o apoio desses proprietários de veículos de comunicação. 

Claro que o diploma não é o fim. É o início. A prática continua a ensinar. Como em qualquer profissão. 

Exame ao estilo OAB, certificados de especialização e outros diplomas, a qualidade do ensino nas Faculdades de Jornalismo, são temas para debates relevantes. Mas sempre depois do diploma de Jornalismo, pela ordem de importância.

Se o Diploma não garante que o Jornalista exercerá sua profissão com qualidade, isso é válido para qualquer profissional de nível superior. Mas o Diploma garante que ele teve a oportunidade de entrar em contato com teorias de comunicação e humanas fundamentais.


O jornalista é um generalista em princípio e isso é bom para a sociedade. Ela precisa de generalistas para unir os especialistas e de especialistas para aprofundar os temas. Ambos são fundamentais para o desenvolvimento do conhecimento humano.


O jornalista é generalista. Ganha para aprender. Mas em um paradoxo aparente, mas em realidade harmônica, ele é especialista também. Em comunicação. Do jeito certo para o público adequado. E faz melhor quem estudou para isso.

Por fim, quando a gente pensa que já experimentou o ápse do absurdo, vem algo novo. Cá estou eu a defender que uma profissão seja exercida somente por quem tem diploma!

Gente, vamos estudar! 

Escola não faz mal a nínguém! 

Deixem de preguiça!


Relator acredita na aprovação da PEC do Diploma http://www.coletiva.net/site/noticia_detalhe.php?idNoticia=45395


Nota: a maior resitência até aqui é de profissionais formados em outras áreas que desenvolvem atividades de jornalismo. São os mais hipócritas. Dizem que são a prova do Diploma ser desnecessário e que vão muito bem como jornalistas. Simplesmente não sabem o que deixaram de aprender ao não fazer o Curso. Saber contar uma história não faz de ninguém Jornalista e ainda atrapalham outros profissionais com concorrência desleal. Não estão charlatões por causa da legislação. Mas o são, por mérito. Vão estudar um pouquinho mais, já que é o que querem fazer!

V6 Deixe-me aqui o prazer de seu comentário. De qualquer tipo.

2 comentários:

  1. Massa. O pensamento é esse: com a universidade, qualquer profissional torna-se muito melhor. #Parabéns!

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  2. Saber contar uma história não faz de ninguém Jornalista Mas faz PRESIDENTE. É O bRASSIL dos charlatões!

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